Vamos dar uma espiadinha


Texto por Ana Paula Müller
@AnaMuller




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Então que os Estados Unidos estavam de olho não só na presidente Dilma, mas também na Petrobrás.

É uma clara violação à soberania nacional? É. Clara e inegável.

Mas convenhamos, gostemos ou não, a política internacional não se resume a discursos na ONU e encontros com o Papa. O buraco é mais embaixo. E o mundo ainda é um lugar maciçamente conservador, desconfiado e, sempre que possível, mal intencionado.

O Brasil é o maior país da América Latina e calha de ter uma presidente que iniciou sua vida pública como guerrilheira. Não é o momento de discutir a relevância dos atos contrários à ditadura tupiniquim, mas me parece óbvio que uma formação social-comunista, seja de quem ou de onde for, jamais será bem vista pelos ianques. Somando os fatores, só alguém muito ingênuo para surpreender-se tão dramaticamente com Obama de olho na lista de filmes que a Dilma assiste on-line.

Veio o encontro do G-20, o Obama agiu como se nada de anormal estivesse acontecendo - e, para ele, de fato, isso é verdade. Ainda assim evitou o confronto com Putin - que acolheu Edward Snowden, a.k.a Catalisador da Tempestade de Cacaca - e disse a nossa presidente que lhe serão apresentadas explicações. Certamente não por ele. Mais certamente ainda carentes de grandes jutificativas ou detalhes. E o Tio Sam, espertamente, não bancou o marido abusivo e cheio de culpa: não disse que essa seria a última vez.

E não foi.

Ontem o Fantástico - seguindo seu surto recente de denuncismo - informou que a Petrobrás também era um dos alvos do xeretas da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA). Sabem, aquele papinho, não é?! Pré-sal, exploração e dependência de combustíveis fósseis, essas coisas de sempre… Não são as primeiras reservas cobiçadas pelos gringos. Não serão as últimas. E, como bem instruiria Gordon Gekko, se há alguma forma de obter vantagens nessa corrida econômica, que elas seja usada. É o Capitalismo (Selvagem). (E é ele quem garante a nossa Coca-Cola de cada dia. E até a Pepsi do dono do blog.)

Todo este resumão para chegarmos no seguinte: dar uma espiadinha, como dia o Bial, faz parte do jogo. O Grande Irmão do Orwell já chegou. E para ficar. Nos resta aprender a lidar com ele; seja ficando quietos e off-line, seja criando subterfúgios tecnológicos para escapar de suas investidas.

Agora, se podemos esperar isso de uma administração que foi incapaz de monitorar a onda de prostestos de Junho último - que demandava APENAS aquele kit básico: smartphone, perfil no Facebook e no Twitter;  já são outros quinhentos.

Ou a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) torna-se de fato um órgão inteligente ou seguiremos apenas esperando pelas explicações. Quando poderíamos estar indo atrás delas in loco. 



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